A batalha contra o pecado
“Porque
a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque
são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do
vosso querer.” (Gl 5:17)
Chegamos
ao último tópico de nossa série sobre a santificação, e terminaremos de
modo bem prático, abordando a batalha individual do crente contra o
pecado.
Em
primeiro lugar, precisamos estabelecer que a batalha contra o pecado só
começa na vida de uma pessoa quando esta é salva pela graça de Deus. No
seu estado natural, o ser humano é dominado pela sua natureza
pecaminosa, tem grande prazer no pecado e não pensa em se afastar dele.
Não há fome e sede de justiça, é escravo do pecado e o pratica
deliberadamente. (Jo 8:34, Ef 2:3, Rm 3:9-18)
E
o cristão, mesmo tendo sido regenerado, ainda possui uma natureza
carnal (Gl 5:17; Rm 7:18). A culpa e a penalidade do pecado foi de todo
removida, ele está plenamente justificado, porém a semente da corrupção
ainda permanece, o pecado original persiste, de modo que o cristão só
será plenamente livre da presença do pecado na glorificação final.
Assim, observamos de modo claro nas Escrituras que há estes dois
princípios operando no crente: a carne, que é a sua natureza pecaminosa,
e o Espírito, que operou a regeneração e que habita nele. Podemos dizer
que, na conversão de um homem, a carne é gravemente ferida, porém a sua
influência continua existindo.
A
presença do Espírito na vida do cristão explica o porquê dele viver uma
vida de santificação e temor de Deus. Este Espírito opera eficazmente
nele, trabalha profundamente em seu coração e o leva a amar e buscar a
Deus. E a continuidade da presença da “carne” também nos dá o motivo
pelo qual os filhos de Deus ainda enfrentam dificuldades no seu processo
de santificação, caem em tentações e ficam aquém do estado em que tanto
gostariam de estar.
Talvez
você, meu irmão, esteja com problemas na sua batalha pessoal contra o
pecado, e com a graça de Deus quero mostrar a você algumas verdades para
o consolo e fortalecimento do seu coração. Há um texto clássico sobre o
assunto, que é o que está na carta de Paulo aos Filipenses, capítulo 2,
versos 12 e 13:
“(...)
desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem
efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa
vontade.”
Este
texto fala do desenvolvimento da nossa salvação, que é um outro modo de
se referir à santificação, e ele nos apresenta duas facetas desse
processo: o dever do cristão e o agir de Deus; a parte do homem e a
parte de Deus.
O papel do crente na santificação
A
santificação é um processo que exige grande esforço do cristão.
Enquanto a regeneração é uma ação instantânea e totalmente divina onde o
homem é passivo (Ef 2:1), a santificação requer uma participação humana
ativa. Dentre muitos textos, seleciono dois que demonstram claramente
qual é o papel do filho de Deus: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza
terrena” (Cl 3:5) e “Exercita-te, pessoalmente, na piedade” (1 Tm 4:7).
Em
outras palavras, devemos mortificar a carne e alimentar o nosso
espírito. Se alimentarmos a nossa natureza perversa, ela se tornará cada
vez mais forte e freqüentemente cairemos, mas se nutrirmos a nossa
natureza espiritual, certamente seremos vitoriosos contra o pecado.
A
nossa natureza terrena se fortalece sempre quando damos lugar à carne e
relaxamos nos nossos deveres espirituais. Quando deixamos de lado a
oração, o estudo e meditação nas Escrituras, a comunhão com os irmãos,
enfim, aqueles meios pelos quais Deus nos concede graça, a carne ganha
força. Isso também acontece quando passamos a permitir que as coisas do
mundo entrem em nosso coração, que a sua filosofia ganhe algum espaço em
nossa mente, que os seus caminhos influenciem a nossa vida.
Por
isso, meus irmãos, eu os conclamo a se exercitarem na oração e jejum.
Orem sem cessar, estejam sempre em espírito de oração. Quanto mais
estivermos em comunhão com Deus, mais nos deleitaremos Nele e
aborreceremos o pecado. Não desprezem também a leitura da Palavra! É na
Bíblia que encontramos consolo e força para caminhar, é ela quem nos
mostra a vileza do pecado e a santidade de Deus. Louvem o Seu nome em
todo tempo, porque Ele habita em meio aos louvores e inspira a gratidão
que nos impede de pecar contra o Senhor. Estejam sempre na comunhão dos
irmãos, porque eles são nossos companheiros de corrida, que nos ajudam e
precisam da nossa ajuda. Se envolvam com a obra de Deus, pratiquem o
bem, ocupem a mente com pensamentos santos, e não terão tempo para as
maldades do mundo.
Devemos
estar em constante vigilância, irmãos. “Vigiai e orai, para que não
entreis em tentação”, disse o nosso Senhor. O pecado não dá trégua, o
velho homem está sempre à procura de uma oportunidade para vir à tona. O
diabo está sempre colocando as suas armadilhas para nos fazer cair, por
isso temos sempre que resistir. Não se deixe tomar pelo sono, esteja
com os olhos bem abertos, fique atento!
Precisamos
continuamente nos encher do Espírito Santo, pois Ele é o nosso Aliado
contra o pecado. Se há um texto bíblico que resume tudo isso que temos
dito, é este: “andai no Espírito, e jamais satisfareis à concupiscência
da carne” (Gl 5:16).
O papel de Deus na santificação
Falamos
do dever do cristão na santificação, mas graças a Deus, meus irmãos,
não estamos sozinhos na batalha. O Deus que iniciou a Sua boa obra em
nós não nos desampara nunca, e a Sua mão está continuamente operando em
nosso favor. Lemos em nosso texto que “Deus é quem efetua em vós tanto o
querer como o realizar”, ou seja, Ele opera em nossos corações e nos
torna desejosos a perseverar na santidade. Ainda que haja o nosso
esforço, tanto o nosso querer como o nosso realizar provém Dele, é Ele
quem está agindo em nós maravilhosamente. É como diz o profeta Ezequiel:
“Porei dentro de vós o meu Espírito e farei com que andeis nos meus
estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez 36:27).
Há
outros textos bíblicos que mostram a ação de Deus no processo da
santificação, o Seu poder em nossas vidas, e quero citar alguns deles
para a sua consolação.
O
apóstolo Paulo, na sua grande exposição sobre a segurança eterna dos
santos, disse que “o Espírito, semelhantemente, nos ajuda em nossa
fraqueza; pois não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito
intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26).
Ah, meus irmãos, o Espírito Santo é o nosso Grande Companheiro na vida
cristã, e Ele nos ajuda em todas as nossas fraquezas. É Ele quem nos faz
vencer o pecado e nos levanta quando caímos!
Lemos
também que o poder de Deus “se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:9).
Cristão, talvez você esteja olhando para você mesmo e contemplando um
cristão cheio de fraquezas e falhas, mas eu o desafio a olhar para o
poder de Deus que opera em você. Sim, o poder “que Ele exerceu sobre
Cristo, ressuscitando-o dos mortos” (Ef 1:20), esta “suprema grandeza do
Seu poder” (Ef 1:19) está em atividade em nossas vidas!
E
que dizer de Hebreus 4:15-16? “Porque não temos Sumo Sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi Ele tentado em
todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos,
portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos
misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”. Você
percebe que Jesus sabe o que é ser tentado? Ele foi grandemente tentado
em todas as áreas, por isso Ele entende o quão difícil é suportar a
tentação e pode se compadecer de nós para nos ajudar. Cristão, por acaso
as tentações tem sido muito violentas e você tem sucumbido diante
delas? O Seu Salvador se compadece de você, então vá com ousadia ao
trono da graça e implore a Sua ajuda! Ele socorre você!
Regozijem-se
no Senhor, filhos de Deus! “Ora, Àquele que é poderoso para vos guardar
de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da
sua glória” (Judas 24). “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o
vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e
irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos
chama, o qual também o fará.” (2 Ts 5:23,24). “Todo aquele que é nascido
de Deus vence o mundo” (1 Jo 5:4).
E
quando eu cair em pecado, o que farei? “Se confessarmos os nossos
pecados, Ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados, e nos
purificar de toda injustiça” (I Jo 1:9)! Aleluia!
Conclusão
Enfim,
meus irmãos, falamos um pouco sobre a nossa batalha diária contra o
pecado. Vimos que temos o dever de nos esforçar, e que ao mesmo tempo
Deus nos ajuda tremendamente. Qual será a sua reação diante dessas
verdades? Você que tem caído em pecado e está em sonolência espiritual,
continuará a ser relaxado em sua vida? E você que tem se desesperado
porque não tem conseguido vencer certos pecados, vai ignorar o Deus que o
ama e ajuda?
Com
esse tema terminamos nossa série sobre a santificação, que o Senhor
abençoe os leitores tremendamente, e que todos nós carreguemos como
bandeira a “santidade ao SENHOR”!
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