RADIO IPB DE LIMOEIRO DO NORTE/CE

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Calvinismo na Bíblia (I): Depravação Total




O Calvinismo é um sistema teológico que busca a glória de Deus acima de tudo, enfatizando a soberania divina na criação, providência e redenção. A soberania de Deus na redenção é tradicionalmente apresentada através dos Cinco Pontos do Calvinismo, também chamados de "As Doutrinas da Graça", sendo baseados nos Cânones de Dort (1618-1619). Nesta pequena série Calvinismo na Bíblia veremos todas as principais passagens bíblicas que tratam de cada um desses pontos.


Depravação Total


A depravação total é o primeiro dos Cinco Pontos do Calvinismo. Segundo essa doutrina, todos os homens são pecadores, totalmente depravados em cada parte do seu ser: pensamentos, emoções e vontade. Por tal motivo, ninguém pode fazer o bem aos olhos de Deus, ainda que algumas ações humanas possam parecer boas diante dos homens. Além disso, como a vontade humana também foi afetada, ninguém pode escolher ser salvo sem a graça de Deus. Não existe um livre-arbítrio humano, ao contrário do que muitos pensam.

A depravação total é ensinada em toda a Bíblia:

Gênesis 6.5-6: "E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o SENHOR de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração."

Gênesis 8.21: "E o SENHOR sentiu o suave cheiro, e o SENHOR disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz."

Jó 4.17: "Seria porventura o homem mais justo do que Deus? Seria porventura o homem mais puro do que o seu Criador? Eis que ele não confia nos seus servos e aos seus anjos atribui loucura; quanto menos àqueles que habitam em casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e são esmagados como a traça!"

Jó 14.4: "Quem do imundo tirará o puro? Ninguém."

Salmo 51.5: "Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe."

Salmo 58.3: "Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras."

Provérbios 20.9: "Quem poderá dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado?"

Eclesiastes 9.3: "Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos."

Jeremias 13.23: "Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal."

Jeremias 17.9: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?"

Daniel 4.35: "E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?"

Marcos 7.21-23: "Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem."

João 1.12-13: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus."

João 3.3,5-8,18: "Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus [...] Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito [...] Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus."

João 5.40: "E não quereis vir a mim para terdes vida."

João 6.44,65: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia [...] E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido."

João 15.5: "Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer."

Romanos 3.10-18: "Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.~

Romanos 5.12: "Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram."

Romanos 8.7-8: "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus."

I Coríntios 2.14: "Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente."

I Coríntios 4.7: "Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?"

II Coríntios 3.5: "Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus."

Efésios 2.1-3,8-9: "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também [...] Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie."

Efésios 4.17-19: "E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente. Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração; os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza."

Efésios 5.8: "Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz."

Colossenses 2.13: "E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas."

II Timóteo 2.25: "Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos."

Tito 1.15: "Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados."

Obs: Todas as referências bíblicas são da versão Almeida Corrigida e Fiel.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

História da Igreja - A IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA E OS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ




A ORIGEM DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA

A Igreja adventista tem duas origens distintas. A primeira está ligada ao nome ADVENTISTA. Não era para ser uma nova igreja, mas era uma crença na segunda vinda de Cristo pregada pelo pastor Guilherme Miller. A segunda está ligada ao nome Sétimo Dia, totalmente contrária a fé de Miller e implantado por uma mulher chamada Ellen G. White.

A crença do adventismo foi iniciada em 1818, por Guilherme Miller, um fazendeiro americano. Sua família foi toda batista. Havia entre seus primos alguns que eram pastores batistas. Mesmo assim desviou-se em 1810, e só regressou depois de ter servido o exercito em 1814. Ao aceitar Jesus mergulhou ele num profundo exame da Bíblia. Atraíram-no particularmente as passagens de Daniel e do Apocalipse, levando-o a investigar a data mais provável do fim do mundo.

Já em 1818, fixara Miller a data do fim do mundo (ou advento, de onde vem o nome adventistas), para o ano de 1843. Diz ter ouvido uma voz interior que lhe insistiu: "Vá e di-lo ao mundo". Desde então, ajudado por muitas igrejas batistas, metodistas e congregacionais, proclamava o ADVENTO. Pregou o advento durante dez anos por toda a costa oriental dos EUA. Muitos de seus ouvintes começaram a pregar também. Assim o advento se espalhou como uma febre epidêmica.

Pessoas houve que começaram a preparar o vestuário para o dia da ascensão. Passando o ano de 1843 sem o fim do mundo, o profeta Miller marcou-o para o dia 21 de Março de 1844. Neste dia, milhares de pessoas, vestidas de branco, passaram a noite toda esperando Jesus. Foram decepcionados. Miller descobriu que estava errado. Voltou a sua congregação e pediu desculpas por tão grave erro. Até voltou a ser um pastor batista. Infelizmente o mesmo não se deu com alguns de seus seguidores, que a partir de 1844, formaram o movimento do ADVENTISMO.

De 1844 a 1860, os seguidores de Miller, sendo uma boa porcentagem deles batistas excluídos, foram conhecidos apenas como adventistas. Continuaram na insistência por datas. Quase uma por ano até o ano de 1877.

Entre os fiéis seguidores de Miller estava a senhora Ellen G. White, que, depois de ver fracassadas outras tentativas de marcação de datas, afirmou ter tido visões dos céus que lhe revelara toda a verdade. Afirmava ela que o santuário de Daniel 8,13-14, está no céu e não na terra. Cristo teria vindo em 22 de Outubro de 1844 a esse santuário celestial. A próxima visão de Ellen foi sobre a guarda do sábado, de onde surgiu o complemento do nome Adventista do Sétimo Dia. Diz a Sra. White que teve uma visão havia onde uma arca no céu e nela estavam escritos os dez mandamentos. Dos mandamentos se destacava o quarto, porque se apresentava dentro de um circulo de luz. Entendeu ela que esse mandamento precisava receber maior atenção que os outros. Sua mensagem foi aceita pelos membros do adventismo e foi assim que surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

A ORIGEM DOS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Esta seita foi formada por um homem que sentia verdadeiro ódio pelas comunidades cristãs. Seu nome era Charles Taze Russel, nascido na Pensilvania em 1852. De origem presbiteriana, passou pela igreja Congregacional e se tornou membro da nova seita, a dos adventistas do sétimo dia. Durante muito tempo foi um verdadeiro fã do adventismo. Tomando o seu próprio caminho, começou a fazer estudos bíblicos semanais com um grupo composto inclusive de pessoas de outras igrejas evangélicas. Não demorou muito, lançou sua própria profecia, em nítida semelhança ao fundador do adventismo: "A segunda vinda de Cristo se daria em 1914".

Logo começou a discordar de muitos pontos doutrinários dos adventistas e, em 1872, reunindo alguns simpatizantes de suas idéias, começou a organizar o movimento que hoje é conhecido como "Testemunhas de Jeová". Antes desse nome tiveram muitos outros. Somente entre os anos de 1917 a 1926, mudaram suas doutrinas nada menos que 148 vezes. Nem que Jesus é Deus. Dizem que o Espirito Santo não é uma pessoa inteligente. Jesus era o arcanjo Miguel. Não existe inferno, além muitas outras heresias que só eles mesmos para acreditar. Pior. Como tudo que é errado tendem a crescer cada vez mais.

História da Igreja - A GRANDE DESFRATERNIZAÇÃO DAS IGREJAS CRISTÃS




O terceiro século é marcado por um acontecimento muito importante na história das igrejas de Cristo. Mais exatamente no período que vai desde o ano de 225 até o ano de 253. Neste tempo houve uma declaração de desfraternização entre as igrejas por motivos doutrinários e organizacional.

Eram tempos difíceis. Apesar das conversões acontecerem em grande número as igrejas sofriam externa e internamente. Externa devido as perseguições já mencionadas. Internamente porque as igrejas estavam sendo corrompidas por dois erros absurdos totalmente antibíblicos. Um deles chegava ao ponto de substituir a salvação pela graça. O outro tirava a chefia de Cristo sobre sua própria igreja.

OS DOIS ERROS QUE DIVIDIRIAM AS IGREJAS ENTRE 225 A 253 A.D.

O Batismo Como Meio de Salvação

Desde os primórdios da igreja sempre foi um problema a questão de como o homem poderia alcançar o céu. O ensinamento de Jesus e posteriormente dos apóstolos eram unanimes: "Pela graça somos salvos". O Novo Testamento nunca deixou dúvidas sobre este assunto. Mesmo nas igrejas primitivas esse foi um problema sério. O primeiro concílio das igrejas em Jerusalém foi realizado justamente para resolve-lo. O próprio apóstolo Pedro, vendo que havia contenda sobre o assunto, deixou claro que: "cremos que seremos salvos pela graça". Portanto, o ensinamento bíblico sobre a questão é que o único meio de se chegar ao céu é por Jesus, pela graça, e, usando como meio de alcançá-la, a nossa fé.

Não contentes com esse princípio, e querendo fazer uma mudança não autorizada nas escrituras, muitos pastores começaram a ensinar que a salvação não era apenas pela graça. Implantaram um novo meio de salvação: O batismo. Pensavam: "A Bíblia tem muito a dizer em relação ao batismo. Muita ênfase é colocada na ordenança e no dever concernente a ela. Evidentemente ela deve ter algo a ver com a salvação". Dessa forma criou corpo a idéia de REGENERACÃO BATISMAL, ou seja, o indivíduo precisa ser batizado para ir ao céu. Colocou-se a água do batismo no lugar do sangue de Jesus. Esse erro é pai de um futuro que ainda demoraria a aparecer: O batismo infantil.

Formação de Uma Hierarquia Temporal

Hierarquia Dentro das Igrejas

Além desse grave erro houve um outro. Foi o surgimento dentro das igrejas de uma hierarquia temporal. Um erro que fere a autoridade única do Senhor Jesus Cristo sobre sua igreja. Nenhum dos apóstolos, jamais, em versículo algum do Novo Testamento, quis a primazia entre os outros na igreja primitiva. Não vemos na Bíblia homens como Pedro, Paulo, ou qualquer outro apóstolo subjugar seus irmãos na fé, ou ainda requerer deles uma cega sujeição. Eles se consideram homens comuns, sujeitos aos desejos da carne e com possibilidade de queda (At l0,15-16; Rom 7,24;).

Mas alguns pastores não entendiam dessa forma. Viam no cristianismo um meio de alcançar a primazia entre seus semelhantes. Muitos começaram a se desviar do ensinamento de que todos os membros são iguais dentro da igreja. O pastor começou a exercer um papel de "chefão". Alguns historiadores relatam esse erro da seguinte forma:

O pastor de Hermas ( cerca de 150 A.D.)

‘Mestres dignos não faltam, mas há também tantos falsos profetas, vãos, cúpidos (desejosos) pelas primeiras sés, para os quais a maior coisa na vida não é a prática da piedade e da justiça senão a luta para o posto de comando."

O Historiador Mosheim:

"Os pastores aspiravam agora a maiores graus de poder e autoridade do que possuíam antes. Não só violavam os direitos do povo como fizeram um arrocho gradual dos privilégios dos presbíteros..."

Os membros já não eram considerados irmãos, mas súditos do "bispo". Comandavam a igreja como se comanda um exército. João cita o exemplo de um crente chamado Diotrefes. O apóstolo deixa claro que esse homem "buscava a primazia entre eles", referindo-se é claro aos irmãos na fé. Diotrefes tornou-se tão audacioso, que, quando João escrevia para a igreja ele impedia que os irmãos lessem a carta. Esse é só um simples exemplo do que acontecia já no tempo dos apóstolos. Pedro ao comentar o assunto diz que o pastor é o servo e não o senhor da igreja (I Pedro 5,1-4). Aliás, a palavra por ele usada é muito clara: "Não como tendo domínio sobre a herança de Deus". O pastor jamais deve ser o chefe da igreja, mas o servo que irá conduzir o rebanho.

Essa terrível idéia de um bispo monárquico governar os demais pastores teve início na pessoa de Clemente (95 A.D.), pastor da igreja em Roma. Foi ele o primeiro a buscar a primazia entre os demais. Chegou a envolver-se num problema que não lhe pertencia por direito, querendo mandar numa igreja a qual não pastoreava, que foi a igreja de Corinto. Depois dele foi Inácio, bispo de Antioquia na Síria, que viveu entre o I século. - II século. Ele exorta todos os cristãos a obedecerem o bispo monárquico e aos presbíteros (20,2). Chegou a comparar a obediência ao bispo monárquico com as cordas de uma harpa. Ele é o primeiro a contrastar o ofício do bispo ao do presbítero e a subordinar os presbíteros ou anciãos ao bispo monárquico e os membros das igrejas a ambos. Mas deve-se a Cipriano, bispo de Cartago (morto em 258), que foi um dos principais autores desta mudança de governo da igreja, pois pugnou pelo poder dos bispos com mais zelo e veemência do que jamais fora empregada nessa causa.

Como se pode observar não foi uma lei feita do dia para a noite. Foi uma heresia que aos poucos penetrava dentro das igrejas, a saber, nas igrejas maiores dos grandes centros.

Hierarquia Entre as Igrejas

Esse erro veio a favorecer a outro de tamanha maldade. Foi o erro de uma igreja ter autoridade sobre outra igreja. A Bíblia ensina que a igreja deve ser independente ou seja: a igreja de Antioquia não tinha autoridade sobre a igreja de Éfeso. A igreja de Éfeso não tinha autoridade sobre a igreja de Laodicéia, e assim por diante. No livro de apocalipse, quando Cristo conversa com as sete igrejas da Ásia, ele trata cada uma individualmente. Cada uma tem seu próprio anjo (pastor), e nenhuma será recompensada ou corrigida pelo erro da sua co-irmã.

Acontece que os pastores de muitas igrejas não viam as coisas como Deus ensinou. Viam a sua ganância acima da vontade de Deus. Os pastores das grandes igrejas como a de Roma, Alexandria, Antioquia, e muitas outras, iniciaram um processo de subjugar as igrejas menores. Eram tempos difíceis. O imperador perseguia a igreja. Junto com as perseguições vinha a fome. Com isso as igrejas maiores engrandeciam-se, e numa falsa humildade, ajudavam as menores. Foi assim que principalmente Roma passou a gozar de uma distinção especial. Essa ajuda tinha um preço muito alto: A submissão de muitas igrejas menores. A igreja co-irmã deixava de ser uma igual para tornar-se vassala.

Na luta para ver qual igreja ia ser a maior entre as igrejas erradas, prevaleceu a igreja de Roma, mas é claro, sem o consentimento dos grandes bispos monárquicos, iniciando-se assim uma luta interna entre as igrejas heréticas. Esse assunto será tratado mais cuidadosamente na origem da igreja Católica.

A DIVISÃO DAS IGREJAS TORNA-SE INEVITÁVEL

As Igrejas Erradas Recusam-se a Voltar as Origens

Apesar destes dois erros terem invadido as igrejas de Cristo, houve muitas, senão a maioria, que não admitiam os tais. Houve tentativas no sentido de trazer as igrejas desviadas de volta ao verdadeiro costume bíblico. Entretanto o poder político das igrejas fiéis era quase nada. A maioria destas igrejas eram pequenas congregações, e seus pastores, homens simples com o único objetivo de fazer a vontade de Deus. Alguns não eram tão simples assim, como o pastor Montano, que veementemente pregou em toda a Ásia contra essas heresias (160 d.C.) e Tertuliano (a partir de 202 d.C.) no ocidente. Este último chegou mesmo a desafiar várias vezes os pastores heréticos, principalmente o de Roma, a voltar a obedecer as escrituras.

As Igrejas Fiéis Resolvem Tomar Uma Atitude

O fato é que as igrejas erradas ou heréticas não voltaram a obedecer a Bíblia. Pior. Conforme os anos passavam mais erradas elas se tornaram. O assunto chegou a um ponto que as igrejas certas deixaram de aceitar os membros vindos das igrejas heréticas. Essa não aceitação, que a luz das escrituras é recomendada - pois se alguém crê que o batismo salva deixa de acreditar que só Jesus salva - foi acrescida com o rebatismo dos membros vindos das igrejas desobedientes. Daí ter surgido o apelido "anabatista" para os seguidores de Montano e principalmente para as igrejas da Ásia Menor.

A Exclusão das Igrejas Erradas é o Único Caminho

O rebatismo dos membros vindos das igrejas erradas acabou se tornando o objeto da divisão da cristandade. As igrejas erradas por serem grandes, mais famosas e politicamente mais aceitas, não aceitaram passivamente a atitude das igrejas que rebatizavam seus membros. Iniciou-se grandes controvérsias a respeito do assunto. Realizaram muitos concílios para tentar resolver a situação. Dois deles se deram em Cartago em 225, um composto de 18 e o outro de 71 pastores, em ambas as assembléias ficou decidido que o batismo dos heréticos - que pregavam a salvação pelo batismo e iniciavam o sistema hierárquico católico - não devia ser considerado como válido. Os historiadores McClintock e Strong comentam como se deu essa desfraternização: V.I pg 210.

"Na Ásia Menor e na África, onde por muito tempo rugiu amargamente o espírito da controvérsia, o batismo só foi considerado válido quando administrado na igreja correta. Tão alto foram as disputas sobre a questão, que dois sínodos se convocaram para investigá-la. Um em Icônio e outro em Sínada da Frígia, os quais confirmaram a opinião da invalidade do batismo herético. Da Ásia passou a questão à África do Norte. Tertuliano concordou com a decisão dos concílios asiáticos em oposição à prática da igreja Romana. Agripino convocou um concílio em Cartago, o qual chegou a uma decisão semelhante aos da Ásia. Assim ficou a matéria até Estevão, bispo de Roma, no ano de 253, provocado pela ambição, que procedeu em excomungar os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, aplicando-lhes os epítetos de rebatizadores e anabatistas".

Fica evidente que entre as igrejas erradas estava a de Roma. Sendo assim ela foi excluída no ano de 225 juntamente com as outras igrejas heréticas. A atitude do bispo romano de excluir os pastores da Ásia mostra a que ponto estava sua vontade de assenhorar-se do rebanho de Deus. Mas sua atitude de nada valeria, pois, um membro excluído não pode excluir ninguém. Outro historiador, Neander, V.I pg 318, tem o seguinte relato sobre estes acontecimentos:

"Mas aqui, outra vez foi um bispo romano, Estevão, que instigado pelo espírito de arrogância eclesiástica, dominação e zelo, sem conhecimento, ligou a este ponto (salvação pelo batismo), uma importância dominante. Daí, para o fim do ano de 253, lavrou uma sentença de excomunhão contra os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, estigmatando-os como anabatistas, um nome, contudo, que eles podiam afirmar que não mereciam por seus princípios: porque não era o seu desejo administrar um segundo batismo aqueles que tinham sido batizados, mas disputavam que o prévio batismo dado por hereges não podia ser reconhecido como verdadeiro. Isto induziu Cipriano, o bispo a propor o ponto para a discussão em dois sínodos reunidos em Cartago em 225 A.D. um composto de 18, outro de 71 pastores, ambas as assembléias declarando-se a favor das idéias de que o batismo de heréticos não devia ser considerado como válido".

Num resumo simples destes dois relatos verifica-se que, no ano de 225 A.D., as igrejas reúnem-se em concílios e decide a exclusão das igrejas que administravam o batismo como forma de salvação, que eram, justamente, as igrejas que admitiam um bispo monárquico sobre as igrejas. Entre as igrejas erradas estão as de Roma, Antioquia, Cartago e muitas outras. Entre as igrejas fiéis estão uma muito conhecida pelos estudantes da Bíblia, a igreja de Éfeso.

O RESULTADO DA DESFRATERNIZAÇÃO DOS CRISTÃOS

A partir desta data, 253 d.C. as igrejas de Cristo se dividiram em dois grandes blocos. Os anabatistas, assim chamados por não aceitarem o batismo das igrejas erradas, e os católicos, nome dado as igrejas heréticas desde o ano de l70 por Inácio, pastor de Antioquia. O futuro destes dois grupos deu razão aos fiéis o fato de terem excluído os demais. Com o passar do tempo as igrejas erradas, como veremos, multiplicou ainda mais suas heresias. Enquanto isso, vivendo conforme as escrituras, os cristãos anabatistas lutavam para sobreviver e manter de pé as chamas do evangelho.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Que será dos que nunca ouviram? Uma breve confissão


Esse é um assunto que sempre me incomodou bastante, a saber, o destino eterno daqueles que nunca ouviram falar de Cristo. Deixando de lado se os tais ainda existem hoje (particularmente, penso que haja) e outras questões parecidas, bem como as várias perspectivas sobre o assunto, vou logo resumir a minha posição: todos os eleitos, fatalmente, ouvirão acerca de Cristo por meio da pregação da Sua Palavra. Nem todos os que ouvem são eleitos, obviamente, mas todos os eleitos ouvirão. Ainda que digamos que cabe somente a Deus julgar tais pessoas, não somos autorizados, pelas Escrituras, a pensar que poderá ser salvo quem nunca ouviu de acerca de Cristo, uma vez que "a fé vem pelo ouvir" (Rm 10.17), sendo esta mesma fé um dom de Deus exclusivamente para os Seus eleitos (cf. Tt 1.1). Estes, por sua vez, vem a Cristo pela pregação (cf. 2 Ts 2.13, 14).

Há de se questionar em que consiste essa "pregação". De pronto, rejeito a perspectiva segundo a qual a revelação geral (criação, cultura, moralidade, etc.) é suficiente para a salvação, pois, se assim fosse, a fé em Cristo seria necessária apenas para alguns (sinceramente, não creio na revelação geral nem como meio salvífico extraordinário). Nesse quesito, penso em Cornélio, centurião romano sobre o qual se diz ter sido "piedoso e temente a Deus" (At 10.2), mas que precisou ouvir explicitamente acerca de Cristo por intermédio do apóstolo Pedro para ser salvo (ver todo o capítulo 10 de Atos). Rejeito, também, a noção segundo a qual a pregação pode ser entendida como o exemplo de vida dos cristãos ("conversão pelo exemplo", tão propagada pelos pietistas e místicos medievais), pois nossas vidas não podem ser melhores do que a pregação viva da Palavra de Deus.

Há, ainda, um equívoco a ser corrigido, e este tem a ver com a relação entre Decreto e Providência. Novamente citando o caso de Cornélio (somente para não citar todos os eleitos), não podemos dizer que ele já era salvo antes de ouvir a Palavra. Pelo decreto, sim, ele já constava entre os eleitos, mas não pela Providência, haja visto não ter chegado ainda o tempo da concretização do decreto. E o que é a Providência, senão os meios que Deus usa para alcançar aquilo que Ele decretou? Nesse caso, Cornélio precisou, na História, ouvir a Palavra, sendo regenerado pelo Espírito para que pudesse, então, crer e ser salvo.

Assim sendo, creio ser a pregação o meio providencial responsável por infundir fé no coração do eleito. Só a pregação? Bem, como já falei acima, se há exceções elas não são especificadas pelas Escrituras, pelo que me reservo ao direito de me ater apenas àquilo que nos é afirmado pela Revelação como regra, em vez de especular sobre a exceção. E me valho, aqui, do pertinente comentário de Calvino a Romanos 10.14 (..."e como ouvirão, se não há quem pregue?"). Ele diz que "o que Paulo está descrevendo aqui é somente a palavra pregada, pois este e o modo normal que o Senhor designou para comunicar sua Palavra. E se se argumenta, à luz desse fato, que Deus não pode dar-se a conhecer entre os homens só por meio da pregação, então negaremos que isto era o que o apóstolo pretendia transmitir. Ele estava transferindo somente a ordinária dispensação divina, e não pretendia escrever uma lei à sua graça" (ênfase minha). E me é muito claro, ainda na Escritura, que Deus sempre envia Seus arautos para os lugares em que há eleitos Seus para serem alcançados (cf. At 18.10; 13.48; Jonas e os ninivitas, etc.). Novamente citando o reformador francês (agora em seu comentário a Romanos 10.15 - "e como pregarão se não forem enviados"), "quando alguma nação é agraciada com a pregação do evangelho, tal fato é uma garantia do amor divino".

Por último, não penso que este seja o típico assunto que deva ser relegado apressadamente ao "mistério", como se as provas bíblicas acerca dele fossem insuficientes ou inexistentes. O máximo que posso dizer quanto aos que nunca ouviram é que cada um será julgado de acordo com a resposta que deu à luz que teve, mas não para uma possível absolvição. Para o quê, então? Bem, embora eu tenda a crer aqui em possíveis níveis de sofrimento no inferno (cf. passagens como Mt 11.22, 24; Lc 12.47, 48; 20.17), prefiro não arriscar ir além daquilo sobre o que a Escritura não lança senão faíscas.

Soli Deo Gloria!