Os perigos do pecado na vida do cristão
“Enquanto
calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes
gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o
meu vigor se tornou em sequidão de estio.” (Salmo 32:3,4)
Já
falei a respeito do que é santificação, bem como expliquei o porquê do
cristão remar contra a maré, vivendo de modo santo. Agora, com a graça
de Deus abordarei a questão dos perigos do pecado na vida do cristão,
daquele que nasceu de novo.
Antes
de tudo, relembremos, resumidamente, algumas coisas que a Bíblia diz a
respeito do pecado. Primeiramente, “o pecado é a transgressão da lei” (I
Jo 3:4). Deus deu ao homem mandamentos justos e bons, os quais, quando
obedecidos, redundam em glória a Deus e em felicidade para nós. Porém,
quando negligenciamos essas ordens do Soberano, não as cumprindo,
estamos cometendo pecado. Assim, percebemos que o pecado é uma grande
rebeldia do homem, é um insulto terrível ao Criador de todas as coisas,
uma ofensa ao Rei do universo. É como se o pecador estivesse dizendo:
“eu não me importo com Deus, o que Ele ordena não significa nada para
mim; eu quero viver de acordo com os meus próprios desejos, eu sei mais
do que ninguém o que é melhor para mim”. Pereça tal pensamento!
A
malignidade do pecado se agrava mais ainda quando pensamos sobre o
caráter Daquele que é ofendido. Deus é amor, a Sua bondade dura para
sempre, Ele é cheio de misericórdia e ternura. Nele não há nada que seja
impuro, Ele é santíssimo e cheio de graça. Veja, amigo, que não é
contra alguém mau ou cruel que o homem peca, antes, é contra o mais
amável do universo! Consideremos também os benefícios que Deus dá ao
homem, como a vida, o alimento, a bebida, as vestes, a alegria do
coração, e inumeráveis bênçãos. O homem peca contra Aquele que o abençoa
diariamente, que o mantém vivo! Que ingratidão! O pecado é tolice, é
odioso, é amargo, procede do diabo e produz a morte!
A
grande conseqüência do pecado é a morte (Rm 3:23), se referindo à morte
espiritual, à morte física, e também à segunda morte, no lago de fogo e
enxofre (Ap 20:14). Porém nós, que cremos no Senhor Jesus Cristo, fomos
salvos do pecado e do seu salário. Ele carregou os nossos pecados no
calvário, ofereceu o sacrifício perfeito que remove todas as ofensas,
tanto as passadas como as futuras, eternamente. Fomos vivificados pelo
Espírito, jamais provaremos a segunda morte, absolutamente nunca haverá
condenação para nós, porque todo o nosso pecado já foi punido em Cristo,
e o “escrito de dívidas que era contra nós” foi cravado na cruz, de uma
vez por todas.
Contudo,
mesmo nós, que somos salvos, estamos sujeitos a pecar, enquanto
estivermos nesse mundo. O apóstolo João é claríssimo quando diz: “Se
dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a
verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados...” (I Jo
1:8-9a). E o pecado gera conseqüências em nossas vidas, mesmo como
filhos de Deus.
Antes
de falar dos males que o pecado traz para nós, que somos justificados,
gostaria de falar daquilo que o pecado não faz a nós. E o principal
ponto é: o pecado não faz com que “percamos a nossa salvação”. Algumas
pessoas acham que, se o cristão cometer terríveis pecados, pode deixar
de ser salvo. Outros pensam que o cristão pode chegar ao ponto de
blasfemar contra o Espírito Santo. Outros ainda sustentam que se o
cristão pecar, e logo depois morrer, estará eternamente perdido. Porém,
tal doutrina é antibíblica. Jamais podemos, irmãos, conceber que uma
ovelha de Cristo seja lançada no inferno, pois Ele garantiu que “nunca
hão de perecer, e ninguém as arrebatará de minha mão”. É impossível que
alguém que tenha sido justificado possa no fim das contas ser condenado,
pois senão o Juiz infalível teria errado em seu pronunciamento, teria
voltado atrás com relação aos seus dons, que são irrevogáveis, e a
gloriosa e triunfante passagem de Romanos 8:30 (“aos que justificou, a
estes também glorificou”) seria uma grande mentira. Oh meus irmãos, o
Filho de Deus teria falhado em sua missão, pois Ele diz: “a vontade de
quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo
contrário, eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6:39). É inconcebível
que Deus não conclua a boa obra que começou em nós, o seu povo (Fl 1:6).
Portanto, vocês, que já foram alcançados pela graça de Deus, saibam que
não poderão perder a sua salvação.
Algum
insensato poderá questionar: “ora, se eu jamais poderei perder a minha
salvação, porque me preocupar com a santificação? Vou viver uma vida
segundo os prazeres da carne, me deleitando no pecado!”. Esse tipo de
frase me assusta. Pode proceder isso dos lábios de um cristão? Essa
declaração é um tanto estranha a um filho de Deus. Aqueles que nasceram
de Deus odeiam o pecado, e amam ao seu Senhor supremamente. Como
poderiam cogitar em viver uma vida assim? Eles foram transformados, suas
mentes foram renovadas, receberam um novo coração. Jamais diriam ou
fariam uma coisa dessas. Não podem viver na prática do pecado.
O
pecado também não faz com que o cristão deixe de ser filho de Deus, ou
passe a ser menos amado por Ele. Não é porventura o Seu amor qualificado
como eterno? (Jr 31:3). O amor de Deus é incondicional e imutável, Ele
nos amou desde antes da fundação do mundo, Ele nos ama assim como ama a
Cristo! (Jo 17:23).
Tendo considerado o que o pecado não faz ao cristão, consideremos alguns dos terríveis males que ele causa.
O
primeiro deles que quero citar é que o pecado entristece a Deus. É por
isso que o apóstolo Paulo disse: “não entristeçais o Espírito de Deus,
no qual fostes selados para o dia da redenção” (Ef. 4:30). Que pai não
fica triste, quando o seu filho, a quem tanto ama e tanto faz bem, o
desobedece? O prazer de Deus é ver os seus filhos andando santamente.
Cristão, porventura você pode suportar a visão da tristeza do Pai por
causa do seu pecado?
Uma
segunda conseqüência do pecado é que ele traz a correção de Deus. Ele,
como um bom Pai, repreende e castiga os Seus filhos, a quem ama. E o
castigo pode ser dolorido, apesar de ser para o nosso supremo bem.
Imagine, meu irmão, não só o olhar de tristeza do Pai, porém também o
Seu olhar de desaprovação e repreensão, por causa do seu pecado! Se
quando o nosso pai terreno fazia isso, o nosso coração já se partia,
imagine quando o Pai eterno faz isso! Cuidado, irmão, Deus tem em suas
mãos vara para corrigir seus filhos desleixados.
Devemos
considerar também que o pecado traz muito pesar ao coração do cristão
(Sl 32:3-4). Quando o salvo peca, ele se entristece profundamente,
porque entende que ofendeu ao Seu Salvador a quem tanto ama. Ele fica
privado da alegria da salvação, chega ao ponto de sentir vergonha de
adentrar na presença de Deus, ou de participar das reuniões de culto a
Deus, prejudicando assim até mesmo a sua comunhão com o Pai. E mais: o
pecado nos impede de desfrutar da plenitude da vida cristã, da “vida
abundante”, do “ser tomado pela plenitude de Deus”, etc. Também
obscurece a nossa visão das coisas espirituais!
Todas
essas terríveis conseqüências já bastariam, porém há mais. O pecado
torna o crente desqualificado para o ministério, pode destruir o seu
testemunho diante dos homens, dá ocasião a que os homens blasfemem de
Cristo! Por causa do pecado, Deus pode até mesmo “encurtar” a vida do
cristão, punindo-o com morte, para que o espírito seja salvo no dia de
Cristo! (I Co 5:5)
Por
fim, meu querido irmão, quero lhe fazer um apelo. Você observou as
terríveis conseqüências do pecado? O seu efeito é devastador, mesmo para
o coração do servo de Deus. Você continuará a viver uma vida desleixada
com relação à santificação, ou a tolerar certos pecados em sua vida?
Desperte, cristão! O pecado é perigoso para você, então aprenda a
“passar de largo”, a se desviar do mal, a fugir do pecado! Evite as
companhias que induzem ao pecado, os programas televisivos, os sites da
internet, as músicas, ou qualquer outra coisa que porventura faça você
tropeçar. Vigie e ore! Mortifique a sua natureza carnal! Ouça o clamor
de Deus, amado irmão, quando Ele diz: “retirai-vos do meio deles,
separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos
receberei” (II Co 6:17). O Soberano ordena, com todas as letras: “sede
santos, porque Eu sou santo” (I Pe 1:16).
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