"Com toda certeza, gostaria de ter
compreendido o que Paulo dizia em sua carta aos Romanos. Contudo, o que
me impedia de compreendê-lo não era tanto a falta de coragem, mas aquela
frase do primeiro capítulo 'Porque no evangelho é revelada a justiça de
Deus' (Rm.1.17). Pois eu odiava aquela expressão 'a justiça de Deus',
que haviam me ensinado a entender como a justiça por meio da qual Deus,
que é justo, pune os pecadores injustos. Embora, como monge, vivesse uma
vida irrepreensível, sentia-me um pecador com a consciência culpada
diante de Deus. E também não podia acreditar que havia agradado a Deus
com minhas obras. Longe de amar aquele Deus justo que punia os
pecadores, eu, na verdade, o odiava...
Ficava
desesperado para saber o que Paulo queria dizer naquela passagem. Por
fim, à medida que meditava dia e noite a respeito da relação que havia
entre aquelas palavras, 'porque no evangelho é revelada a justiça de
Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé', como está escrito:
'O justo viverá pela fé', comecei a entender a 'justiça de Deus' como
aquela justiça por meio da qual o justo vive pelo dom de Deus (a fé); em
que essa frase: 'é revelada a justiça de Deus', faz referência a uma
justiça passiva, por meio da qual o Deus misericordioso nos justifica
pela fé, conforme está escrito, 'O justo viverá pela fé'. Imediatamente,
tive a sensação de haver nascido de novo, como se tivesse entrado pelos
portões abertos do paraíso. Desde aquele momento, vi toda a Bíblia sob a
perspectiva de uma nova luz... E agora, aquilo que eu havia uma vez
odiado na frase 'a justiça de Deus', comecei a amar e a glorificar como a
mais doce das frases, pois essa passagem em Paulo tornou-se para mim o
verdadeiro portão do paraíso."
Bibliografia: Teologia Sistemática de Franklin Ferreira e Allan Myatt, Editora Vida Nova.
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