Enquanto estava preso pela
primeira vez, em Roma, o apóstolo Paulo escreveu cartas aos Efésios,
Filipenses, Colossenses e a seu amigo Filemom.
Aos
Efésios
Escrita entre 60 e 61 (dC) -
Confinado e aguardando julgamento (3.1; 4.1; 6.20), o apóstolo escreve esta
carta, uma espécie de circular - para ser lida por várias outras congregações.
Éfeso era um importante porto da
Ásia Menor, localizado perto da atual Izmir ( ou Esmirna, na Turquia). Éfeso
está presente também em Ap 2-3. É o lugar onde Paulo, em sua terceira
viagem missionária, cerca de 10 anos antes, permaneceu por cerca de três anos,
fazendo maravilhas extraordinárias ( ver Atos 19-11 ).
A mensagem mais forte de
Efésios é “Para louvor de Sua (Cristo) glória” (1.6,12,14). A palavra
glória ocorre oito vezes no texto. O seu grande objetivo é a ênfase no
compromisso de Jesus em construir uma igreja ( corpo de Cristo )
gloriosa, madura sem mácula, nem ruga... (5.27).
Efésios revela Deus
trazendo a igreja para seu objetivo que é Cristo. Os passos básicos de
amadurecimento são dados na direção do compromisso da igreja em lutar contra os
poderes do mal. A carta divide-se em duas seções: A) Os capítulos da 1 a 3 são
de natureza doutrinária e tratam dos privilégios espirituais da Igreja; B) Os
capítulos de 4 a 6 são exortações e tratam das responsabilidades espirituais
dos cristãos.
Referencias a Cristo: Aos Efésios foi chamado
de “Os Alpes
do NT”, “O grande Cânon da Escritura” e “O ápice real das Epístolas”, não somente por seu grande
tema, mas devido à majestade do Cristo revelado aqui. Cap. 1: Ele é o redentor (1.7), aquele em quem e por quem
a história será definida (1.10); Ele é o Senhor ressuscitado que
ressuscitou dos mortos e do inferno e que reina como Rei, derramando sua vida
através de seu corpo, a igreja - a expressão atual dele mesmo na Terra
(1.15-23). Cap. 2: Ele é o pacificador que reconciliou o homem com Deus
e que também possibilita a reconciliação entre os homens (2.11-18); Ele é a principal pedra da
esquina do novo templo, que consiste no seu próprio povo
sendo habitado pelo próprio Deus (2.19-22). Cap. 3: Ele é o tesouro em que são encontradas as
riquezas inescrutáveis da vida (3.8); Ele é o que habita nos corações
humanos,
garantindo-nos o amor de Deus (3.17-19). Cap.4: Ele é o vencedorque acabou com a capacidade do
inferno de manter a humanidade cativa (4.8-19). Cap. 5:Ele é o marido modelo,
dando-se sem egoísmo para realçar sua noiva - sua igreja (5.25-27, 32). Cap.6: Ele é o Senhor, poderoso na
batalha, a força
necessária para seu povo enquanto eles se armam para a batalha espiritual
(6.10).
Referências ao Espírito Santo: Assim como Cristo, o ES é
revelado de uma forma ampla e através do crente: em 1.13, ele é o selador, autorizando o crente a
representar Cristo; em 1.17 e 3.5, ele é o revelador, iluminando o coração para
aprender o propósito de Deus; em 3.16, ele é o doador, a quem Cristo dá força; em 4.3, ele é o Espírito da unidade, desejando sustentar a ligação
de paz no corpo de Cristo; em 4.30, ele é o Espírito de santidade, que pode se entristecer por
causa da carne; em 5.18, ele é a fonte através da qual todos devem ser
continuamente cheios; em 6.17-18 ele é que dá a Palavra como espada para uma batalha e o
assistente celeste que nos foi concedido para nos ajudar a orar e a intervir
até que obtenhamos a vitória.
Aos
Filipenses
A Igreja de Felipo foi
estabelecida por Paulo, por volta do ano 51 dC, e está registrada no livro dos
Atos dos Apóstolos 16:12-40. Desde o começo, a Igreja apresentava um forte zelo
missionário e era constante em seu apoio ao ministério de Paulo.
Paulo desfrutou de uma amizade
mais próxima com os filipenses do que com qualquer outra igreja.
Paulo escreveu esta carta
por volta de 61 dC, para agradecer suas contribuições, aproveitando para
elogiar a Epafrodito, que tinha trazido a doação de Filipos, e a quem Paulo
estava enviando de volta.
Em muitos aspectos, esta é a mais
bela cara de Paulo, cheia de ternura, calor e afeição. Seu estilo é espontâneo,
pessoal e informal, apresenta-nos um diário íntimo de suas próprias
experiências espirituais de Paulo. A sensação dominante por toda a carta é a
alegria triunfante. Paulo, embora prisioneiro, era muito feliz, e invocava seus
leitores para sempre se regozijarem em Cristo. Para Paulo, Cristo era mais do
que um exemplo, Ele era a própria vida do apóstolo.
A mensagem permanente aos
filipenses diz respeito à natureza e base de alegria cristã. Para Paulo, a
verdadeira alegria não é uma emoção superficial que depende de circunstâncias
favoráveis do momento. A alegria cristã é independente de condições externas, e
é possível mesmo em meio a circunstâncias adversas, como sofrimento e
perseguição.
A alegria definitiva surge da
comunhão com Cristo ressuscitado e glorificado. Por toda a carta, Paulo fala da
alegria do Senhor, enfatizando que somente através de Cristo se alcança a
alegria. Essencial para essa alegria é a convicção da autoridade de Cristo,
baseada na experiência do poder de sua ressurreição. Devido a essa convicção, a
vida de Paulo ganhou sentido.
Mesmo a morte tornou-se uma
amiga, pois o levaria a uma maior experiência da presença de Cristo (v 1.21-23)
A alegria apresentada em filipenses envolve uma expectativa ávida da volta
eminente de Cristo.
Paulo também descreve uma alegria
que surge da comunhão na propagação do evangelho. Ele começa a carta
agradecendo aos filipenses por sua parceria na divulgação dos evangelhos
através de suas ofertas monetárias. As ofertas, entretanto, são apenas uma
expressão de seu espírito de comunhão, ou como ele coloca em 4.17, “o fruto que cresça para a vossa
conta”.
Sendo assim, a alegria cristã é
uma conseqüência de estar em comunhão ativa com o corpo de Cristo.
Referências a Cristo:Para Paulo, Cristo é a soma e a
essência da vida. Pregar Cristo era sua grande paixão; conhecê-lo era sua maior
aspiração; sofrer por ele era um privilégio. Seu principal desejo para seus
leitores era de que eles pudessem ter a mente de Cristo. Para sustentar sua
exortação de humildade, o apóstolo descreve a atitude de Cristo, que renuncia à
glória dos céus para sofrer e morrer por nossa salvação (vers 2.5-11),realçando
tanto a divindade quanto a humanidade de Cristo.
O Espírito Santo: A obra do Espírito é mencionada 3
momentos: primeiro, Paulo declara que o Espírito de Jesus, juntamente com as
orações dos filipenses, será o responsável por sua libertação. (vers 1.19). O
Espírito Santo também promove unidade e comunicação com o corpo de Cristo, um
só espírito e uma só atitude (vers 2.1).Então, sem rituais e formalidades, o
Espírito Santo inspira e direciona o louvor dos verdadeiros crentes (vers 3.3).
Aos
Colossenses
Paulo nunca tinha visitado
Colossos, uma pequena cidade na província da Ásia, a cerca de 160 km de Éfeso.
Epafras, um nativo da cidade e provavelmente convertido pelo apóstolo, talvez
tenha sido o fundador e líder da igreja ( 1:7-8; 4:12-13). A igreja
aparentemente se reunia na casa de Filemom (Fm 2).
Está carta foi escrita por volta
do ano 61 dC. Em algum momento da prisão de Paulo Epafras solicitou sua ajuda
para lidar com falsas doutrinas que ameaçavam a igreja em Colossos (2:8-9) e,
ao que tudo indica ensinava que Jesus não era nem completamente Deus e nem
completamente homem, mas apenas um dos seres semi-divinos que ligavam o abismo
entre Deus e o mundo.
Nenhum outro livro do NT
apresenta de forma tão completa a autoridade universal de Cristo ou a defende
com tanto cuidado.
Colossenses apresenta
Cristo como o Senhor supremo em cuja suficiência o crente encontra perfeição
(1:15-20). Os primeiros dois capítulos apresentam e defendem essa verdade; os
últimos dois desvendam as implicações práticas.
Paulo declara a autoridade de
Cristo de três formas : Primeiro, Cristo é o Senhor de toda a criação. Sua
autoridade abrange todo o universo material e espiritual (1:16). Como isso
inclui os anjos e planetas (1:16; 2:10), só Cristo merece ser louvado e não os
anjos (2.18). Além disso, não há motivo para temer os poderes espirituais
demoníacos ou buscar através de superstições sua proteção pois
Cristo neutralizou o poder deles na cruz (2:15). Como soberano e detentor de
todo o poder, Cristo não é apenas o Criador do universo, mas também o preserva
(1:17), é seu princípio e seu fim (1:16).
Em segundo lugar, Jesus é o superior na igreja
(1:8). Ele é a vida e líder dela, e a igreja só deve submeter-se a Ele. Os
colossenses devem permanecer arraigados a Ele (2:6-7) ao invés de se encantarem
com especulações e tradições vazias (2:8,16:18).
Em terceiro lugar, Jesus é supremo na salvação
(3:11). Nele somem todas as distinções criadas pelo homem e caem as barreiras.
Ele transformou os cristãos em uma única família onde os membros são iguais em
perdão e adoção; é Ele quem importa, em primeiro e em último lugar. Portanto,
contrário à heresia, não há qualificações ou exigências especiais para
vivenciar o privilégio de Deus (2:8-20).
Os caps. 3-4 lidam com as
implicações práticas de Cristo na vida diária dos colossenses. Paulo usa a
palavra “Senhor” nove vezes em 3:1-4:8, o que indica que a supremacia de Cristo
invade cada aspecto de seus relacionamentos e atividades.
Paulo eleva Cristo como o centro
de tudo que existe, Ele é a revelação e representação exata do Pai (1:5),
bem como a encarnação da total divindade (1:19; 2:9). Ele, que é Senhor da
criação (1:16), da igreja (1:18), e da salvação (3:11), habita os crentes e é
sua “esperança e glória” (1:27). O supremo criador e mantenedor de todas as
coisas (1:16-17) também é um salvador suficiente para seu povo (2:10)
A Carta aos colossensses faz uma
única referência explícita ao ES, usada em associação com o amor (1:8). Alguns
sábios também entendem “sabedoria e inteligência espiritual” em 1:.9 em termos
de dons do Espírito. Para Paulo, a autoridade de Cristo na vida do crente é a
evidência mais crucial da presença do Espírito.
A Filemon
Juntamente com a carta que
escreveu aos colossenses, de sua prisão romana, por volta de 61 dC, Paulo
enviou essa pequena epistola, ao seu amigo pessoal Filemom.
Tudo indica que Filemom tinha se
convertido sob o ministério de Paulo (v.10), que morava em Colossos, e que a
igreja colossense se reunia em sua casa (v.2). Onésimo, um de seus escravos
tinha fugido para Roma, aparentemente depois de danificar ou roubar a
propriedade do mestre (vs. 11,18). Em Roma, Onésimo entrou em contato com o
preso Paulo, através do qual se converteu aos caminhos do Senhor (v.10).
Tíquico e o próprio Onésimo aparentemente entregaram as duas cartas (Cl 4.7-9;
Fm 12).
O relacionamento próximo de Paulo
e Filemom é evidenciado através de suas orações mútuas (vs 4 e 22) e de uma
hospitalidade que deixa as “portas abertas” (v.22). Amor, confiança e respeito
caracterizavam a amizade deles (v 1, 14,21) O Apóstolo desejava uma verdadeira
reconciliação cristã entre o proprietário de escravos que fora lesado e o
escravo, agora convertido. Paulo, com delicadeza, mas com urgência e, sem se
utilizar de sua autoridade apostólica, intercedeu por Onésimo e expressou total
confiança de que a fé e amor de Filemom resultariam no perdão (vs 5,21).
Mesmo sendo a mais curta das
epístolas de Paulo, Fm é uma profunda revelação de Cristo operando em sua
vida e na vida daqueles à sua volta. Ela revela como Paulo endereçou com
educação, porém com firmeza, expressando o tema central da vida cristã, isto é,
o amor através do perdão. A epístola é uma revelação autêntica dos verdadeiros
relacionamentos cristãos.
Depois de agradecer pessoalmente
a Filemom e seus companheiros crentes, Paulo dá graças por seu amor e fé em
relação a Cristo e a seus companheiros crentes. O amor fraternal normalmente
exige graça e misericórdia práticas, e Paulo logo chega a esse tópico. Ele
explica a conversão de Onésimo e o novo valor do escravo no ministério e
família de Jesus Cristo (12-16).
Essa transformação, junto com a
profunda amizade de Paulo com os dois homens, é a base de um novo começo. Não
se trata de um apelo superficial de Paulo, pois ele preenche um “cheque em
branco” em nome de Onésimo para pagar qualquer tipo de dívida (vs 17-19). Ele
faz a petição já sabendo que o amor e caráter de Filemom prevalecerão.
Essa epístola é um exemplo
poderoso da mensagem do evangelho. Antes um escravo alienado, Onésimo agora
também é um “querido Irmão” em Cristo (v.16). Dessa forma Filemom é desafiado a
mostrar o mesmo perdão incondicional que ele recebeu através da graça e amor de
Jesus. A oferta de Paulo em pagar uma dúvida que não era sua é um quadro claro
da obra do Calvário. A intercessão de Paulo é, além disso, tipifica à intercessão
contínua de Cristo junto ao Pai em nosso nome.
Mesmo não mencionando
especificamente o Espírito Santo, foi ativo no ministério de Paulo e na vida da
igreja. É o ES que batiza todos os crentes, seja escravo ou livre, no corpo de
Cristo (1Co 12.13); e Paulo aplica essa verdade na vida de Filemom e de
Onésimo. O amor, fruto do Espírito, é evidente por toda a carta.