Texto: Gn 4.9 - E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?
Primeiro Passo:
O texto nos apresenta Deus questionando Caim a cerca do paradeiro de
seu irmão. O mesmo reflete a responsabilidade que Caim tinha para com
Abel. A pergunta é “ Onde está Abel, teu irmão?”, com esta pergunta
Deus está trazendo a luz o ato de Caim, o crime que ele cometeu. E ao
mesmo tempo tentando fazê-lo cair em si, reconhecer o erro que cometeu.
O
seu erro e motivações são narrados nos versículos de 1 a 8 do capitulo
4. Caim é tomado por inveja diante do sucesso de seu irmão Abel. Caim
não leva em consideração o alerta divino de que “ o pecado jaz a porta
“. Com isso, Caim leva as últimas consequências seu desejo e motivação
insana, e assassina seu irmão. Seu ato inconsequente, porém
responsável, movido por um ódio injustificável já tinha tomado seu
coração e mente, de uma forma tão maligna que sua resposta diante de
Deus é o reflexo da falta de qualquer apego emocional, da falta de amor
fraterno e de qualquer tipo de sentimento que faça o ser humano
preocupar-se com o seu próximo. “ Não sei; sou eu guardador do meu irmão? “ esta foi a resposta de Caim.
Segundo Passo:
O verso 9, traz à luz a responsabilidade de Caim em relação ao seu
irmão Abel. Embora o texto em si seja uma pergunta, o seu contexto nos
revela a proibição de matar. E Caim violou esse mandamento moral.
Após
o dilúvio Deus em Gn 9.5-6 de forma direta revela a sacralidade da
vida, pois o homem fora feito a sua imagem e semelhança, de sorte que
todo homicídio seria punido com a morte. Em Êxodo 20.13, mais uma vez a
sacralidade da vida nos é apresentada com o seguinte mandamento “ Não
matarás ”. Em Romanos 13.8-10 o apostolo Paulo falando do amor ao
próximo e do cumprimento da lei ratifica os ensinos do Antigo
Testamento quanto à vida. Nosso Senhor Jesus Cristo em seu ministério
enfatizou a importância do amor ao próximo, do cuidado que devemos ter
em relação ao nosso semelhante e irmãos. A parábola do samaritano em
Lucas 10.25-37, também manifesta a importância e sacralidade da vida. A
própria vida de Jesus, suas palavras, gestos e ações são
categoricamente opostas a qualquer tipo de violência. Caim não entendeu
este principio que estava gravado não em tabuas, mais no coração, em
sua mente, em sua consciência, por isso assassinou seu próprio irmão,
sendo o primeiro fratricida da história. Somos advertidos pelas
Escrituras a não trilhar o caminho de Caim, pois o mesmo era do
Maligno. Jd 11; 1 Jo 3.12.
Terceiro Passo:
A leitura do episódio que narra a morte de Abel pelo próprio irmão nos
leva a refletir sobre algumas questões dentro e fora do contexto
religioso.
Fora
do contexto religioso é cada vez mais notório, o fato de que a vida
deixou de ser sagrada( número cada vez crescente de aborto ), de que a
vida perdeu seu valor, de que a vida não é mais o show, pois perdeu seu
lugar para a morte. A morte e não á vida é que atrai as pessoas, que dá
ibope. A falta de amor pela vida, pelo ser humano, pelo próximo é a
grande realidade do século XXI. Literalmente vivemos sob o antigo
provérbio “ cada um por si, Deus por todos, e salve-se quem puder”,
pelo menos essa é a impressão que se tem.
Dentro
do contexto religioso, não é comum caso de homicídios ( crente matar
crente literalmente falando). Embora aconteça um aqui e outro ali.
Porém, no nosso contexto a falta de amor fraternal, de ação prática que
revele amor, a falta de interesse no que diz respeito ao paradeiro de
irmãos que convivem ou conviveram conosco é absurda. Se na igreja não
se mata fisicamente, pelo menos o homicídio, ou seja, o fratricidio
espiritual é uma constante, é uma realidade. Temos pastores assassinos,
presbíteros assassinos, membros assassinos, e igrejas assassinas. Tem
sido mais comum encontrar aconchego e amor em centros espíritas do que
na igreja que diz ser de Cristo. Deve a igreja por meio do evangelho de
Jesus Cristo proclamar a sacralidade da vida e amor ao próximo. E ao
sermos perguntados pelo Senhor “ onde está teu irmão?” possamos
responder de forma agradável. Não devemos seguir os passos de Caim.
Nossa caminhada deve ser baseada no amor, no cuidado de uns para com os
outros.